Minha idéia é transformar a minha picape para participar de arrancada 402 m, na categoria DT-A. Tinha em mente no início de fazer um motor com 600 a 700 cv de cara. Mas depois de algumas boas conversas, decidi iniciar o projeto com a expectativa de 450 cv e vou explicar o porquê mais para frente, e ir testando em pista, acertando tração, descobrindo os principais pontos fracos, elaborando alternativas confiáveis, projetando peças ou adaptando e com o tempo e aperfeiçoamento, chegar na potência necessária para virar tempos competitivos aqui na região.

Escolha do Motor
Eu sigo muito na minha profissão aquela história de que se vc continuar a fazer sempre as mesmas coisas sempre terá os mesmos resultados e para sair desta corrente sempre busco o inovar, isto traz riscos consigo, mas desafios não me preocupam mais do que o necessário. Pode dar tudo errado, pode dar muita mais trabalho, mas com certeza o resultado não é o mesmo e é isso que me anima.
Aonde quero chegar com essa conversa? Quando observamos os carros que competem na DT-A ou mesmo de outras categorias, você perceberá que todos carros tem alta potência em altíssimas rotações, pois assim se conseguem potência principalmente por rotação elevada e não por grande torque. Para os curiosos e estudiosos:
Potência = (Torque * RPM)/726,4
Qual a principal vantagem disso? Baixo torque, preserva o câmbio, diferencial, semi-eixos, etc. É o torque que quebra todas estas partes e não potência. Quero falar muito sobre câmbio mais para frente.
Já perceberam o comportamento destes carros na pista? A grande maioria, sai extremamente lento para um carro de tamanha potência, e só começa a desenvolver nas altas RPMs e geralmente quando mudam da primeira marcha para a segunda dão outra murchadas desanimadora e depois começa a render novamente e deslancha. Eu, sinceramente, acho isso horrível, ter um carro de 700 cv que sai nos primeiros 100 m junto com um carro aspirado de 200 cv, tem que ter algo errado nisso, pelo menos penso assim.
Alta potência em altas RPM é a receita que todo mundo segue, e se vc quer disputar com estas pessoas ou vc investe muito pesado no desenvolvimento de alta rotação ou muda o caminho e tenta ter potência através do alto torque. Começaram a entender o motivo por eu ter escolhindo um 2.4 16 V que tem originalmente já 23,7 kgf.m de torque, contra os 12,9 kgf.m da picape corsa original.
E quando se opta por trabalhar com RPM próximos dos originais, o investimento cai bruscamente na parte motor, não é necessário bomba de óleo externo, não é preciso de cárter seco, não preciso de comando importados caríssimos, não preciso usar injeções programáveis em substituição da original, entre vários outros detalhes que irei colocar com o passar do tempo.
Por quê escolhi aqueles 450 cv iniciais? Já que terei um carro com comportamento muito diferente dos concorrentes, pois terei um motor forte em baixa rotação também, muito provavelmente não será necessário 700 cv para andar junto com os demais e por quê então não investir menos no começo e ir testanto até atingir a potência suficiente?
Com 450 cv consigo ainda menos dificilmente um câmbio que suporte o torque produzido que deverá estar na faixa de 55 kgf.m, se tento de cara um carro com 600 a 700 cv, o torque subiria para entre 73 e 85 kgf.m, torque que nenhum câmbio forjado brasileiro vai resistir. Quer um exemplo do motivo do pessoal insistir em altas rpms? Um carro com 700 cv a 9000 RPM produzirá um torque de 55 kgf.m! Ou seja, o mesmo que eu com 450 cv a 6000 RPM. Perceberam que o ponto crítico no Brasil é câmbio!
Enfim, este motor vai produzir um torque alto em toda faixa de rotação e devido a elevada cilindrada, terá uma potência elevada em rotações próximas as originais e sem ser por pico de potência como os demais carros da categoria, portanto o caminho que escolhi foi este!
Como podem ver o motor já foi comprado e já iniciei o desmonte da picape, toda adaptação será feita por mim e precisarei da ajuda de vocês em determinados pontos.




Opinem, comentem, critiquem, questione...

Abraços.